terça-feira, março 10, 2009

Visão caolha

“Futebol não é esporte, e sim manifestação cultural.” Será?

Dizem os que falam em nome do Partido dos Trabalhadores (PT), que o futebol não deve ser visto como esporte, já que é uma prática comum e que se vê em todos os lugares.

Eis, pois, uma meia-verdade. Mas o problema maior é saber que essa que já não é uma verdade por inteiro, na metade que se lhe é atribuído um caráter verdadeiro, o PT dela se aproveita para livrar-se de ter que fazer mais esse investimento.

Aliás, talvez o grupelho dos ‘evangelitistas’ comungue da visão protopetista. Pois, na Câmara Municipal de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, atribui-se ao atual presidente daquela casa legislativa, a mesma linha cartesiana e o mesmo caráter discricionário. Ou seria melhor discriminatório?

Pela mundo afora, o futebol é encarado como ferramenta de inclusão social, como instrumento de combate ao preconceito, como oportunidade para aplacar as desigualdades sócio-culturais e econômicas, enfim, como meio para construir melhores níveis de cidadania.

Que os que fazem o PT conheçam projetos desafiadores como o Changemakers, da Ashoka e Nike, do qual participa a Liga Cearense de Futebol Feminino – a LCFF.

Clarimundo clareia


A entrevista abaixo, foi feita no ano passado, 2008, e em muito revela o estilo de Clarimundo D’Oitiva. Repare.  
Entrevista com Clarimundo D’Oitiva, personagem irônico, sarcástico que permeia o futebol cearense 
BB- Clarimundo, qual a sua visão do episódio que marcou a cessão do Castelão para o treinamento do Corinthians?
CD- Olha, o futebol tem uma lógica própria, porque envolve paixão. Ceder o Castelão para um time de fora e negar para o daqui, representa a quebra dessa lógica e por isso tal atitude representa uma afronta, tanto para Fortaleza quanto para Ceará. É o mesmo que abaixar a calça e ficar com a bunda de fora em disponibilidade.
 
BB- Mas não seria deselegante não permitir ao visitante um treino de reconhecimento do gramado, das condições do campo de jogo enfim?
CD- Não, não! No futebol o acirramento da disputa vai além do que se passa dentro de campo. Uma negação acompanhada de um bom argumento e com o oferecimento de um outro campo – o PV, por exemplo – seria demonstração de boa educação.
 
BB- A que você atribui, então, a atitude desigual da administração do Castelão?
CD- Eu penso que começa na nossa ancestralidade, passa pelo nosso subdesenvolvimento e se sedimenta no nosso complexo de vira-lata. Isso acaba nos tornando subservientes e provincianos. Mas o pior mesmo é imaginar que essa situação vem de quem deveria ajudar a formar nossa personalidade como cidadão e como povo.
 
BB- Ao episódio do qual já falamos, se seguiu um outro ligado à administração do Castelão e Polícia Militar, envolvendo a localização dos torcedores do Corinthians. Como você viu esse problema?
CD- Ele me faz lembrar aquela velha analogia que representa o País como o corpo humano e elege um certo estado da federação como o (...) ânus. Nós, que na analogia também circundamos aquela região, estamos tentando ser o esfíncter anal, aquele que regula o tráfego intestinal. Como se não bastasse, é só ver a baixeza dos apaninguados da secretaria de esportes, que só faltaram despir a delegação corintiana.
 
BB- O Fortaleza é uma vítima nesses episódios?
CD- O Fortaleza é vítima da falta de profissionalismo de sua dedicada corriola. Não basta gostar do clube para fazer ele caminhar balizado pelo profissionalismo. Para agir profissionalmente é preciso ser do ramo, estar no ramo e aprender como se colocar e como agir dentro dele ‘full time’. Da administração do Castelão, todos nós temos sido vítimas. Primeiro se faz necessário definir os termos de um contrato de aluguel do estádio, onde fique claro o que é de responsabilidade do poder público, dos clubes e da federação. Isso deve sempre levar em conta o interesse dos clubes que são o fato gerador de qualquer receita. Depois é preciso definir claramente o papel da segurança pública (entenda-se PM) e de representantes de órgãos como AMC, bem como o limite da segurança privada dos clubes. Se deve buscar uma sintonia dessas instâncias.
 
BB- Como você analisa a atuação da Polícia Militar.
CD- No futebol ele (o trabalho) deixa muito a desejar. São incontáveis os incidentes que os nossos PMs demonstram despreparo. A própria corporação, através de muitos dos seus oficiais, reconhecem a situação de penúria e o descompasso entre as necessidades da população e aquilo que o aparelho policial pode oferecer. Não há verba para o básico em se tratando de policiamento em praças esportivas. A verba mal dá para o custeio. E o que é pior é que o viés político tem estado muito presente na corporação, a ponto de os mais preparados serem preteridos, se dando chance para alguns menos preparados.
 
BB- Dentro desse contexto de carência na PM, ainda há algo que possa ser feito?
CD- Não tenho a menor dúvida que a operacionalização do trabalho da PM pode ser melhorada sim. Nós temos percebido que cada vez mais seus representantes – não sei se seguindo orientação do comando – se rendem à lei do menor esforço, chegando ao ponto de, numa atitude extemporânea e sem paralelo, terem causado prejuízo ao já combalido cofre do Fortaleza Esporte Clube. E não há como aceitarmos o argumento utilizado como justificativa para a ingerência praticada pela PM contra os promotores do espetáculo entre Fortaleza e Corinthians. A determinação de cima para baixo de dar destinação diversa às dependências do estádio soou como se vivêssemos um estado de sítio ou equivalente. Lastimável! Em um regime democrático a PM deve ter outro tipo de postura. Constitui um engessamento despropositado uma orientação e uma ação tão conservadora quanto a que a PM vem adotado, contribuindo para desfigurar (enfear) o espetáculo futebol. Não pode bandeiras com mastros, não pode isso, não pode aquilo... E os bandidos dentro dos estádios assaltando o torcedor, impondo marcas e praticando, sob a proteção do Estado, a ilegalidade da ‘cartelização’ e de preços abusivos.
 
BB- A ideologia política tem atrapalhado o desempenho das administrações também no futebol?
CD- Com certeza. Quando você se define politicamente, isso provoca uma espécie de reação em cadeia. É como contar uma mentira e depois ter que inventar outras sete (que é a conta do mentiroso) pra criar relações de coerência entre elas. A visão neoliberal tem revelado ao longo do tempo que a diminuição irresponsável das atribuições do Estado tem gerado uma ‘desumanização’ dos gestores públicos, que transportam os valores da iniciativa privada sem adaptá-los às peculiaridades inerentes ao setor público. Isso tem gerado sérias frustrações a até conflitos entre as expectativas da sociedade e o desempenho governamental. No caso específico do Castelão, a administração só quer atuar nas questões que lhe dê visibilidade midiática imediata. E quanto a essa estória do administrador torcer por clube A ou B, essa é uma prerrogativa inerente a cada pessoa, mas não à pessoa do administrador no exercício de sua administração. Me dá nojo esse tipo de conduta parcial, tendenciosa. Entendo que o mais valioso diferencial do ser humano é a boa formação de seu caráter. Dá pra desculpar um monte de coisa: o mau-caratismo não dá porque não tem remédio pra ele. 


Mundão: Olá!!!

Cheguei!
Vim, vi e... detonei! (descartesiando)

Detonar(?) nem sempre é preciso.
Tentar mostrar o ERRO, o EQUÍVOCO, o ENGANO, o ENGODO,
isso é preciso, é preciso sempre.
E se não pode ser sempre, que se faça sempre que possível.

Não me escondo sob o heterônimo, sob a personagem.
Quem sabe, não seja a personagem que se serve de mim...
É, talvez, uma relação atávica, ou quem sabe, simbiótica.

Viremos a página.


domingo, março 08, 2009

Olá, Mundão!

Clarimundo D'Oitiva está chegando.

Aguardem!

Sob - e não sobre - o manto negro deste blog,
ele fará suas aparições, ora usando um linguajar
mais rebuscado, ora uma escrita mais para o esculacho.

Como lhes disse,

aguardem!